(Bloomberg) — O ministro das Finanças português, Fernando Medina, instou o Banco Central Europeu a começar a reduzir os custos dos empréstimos, dizendo que mantê-los nos níveis atuais é “muito arriscado”.
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“Vários países europeus estão numa recessão muito forte”, disse Medina numa entrevista em São Paulo na quinta-feira. “Já há estagnação e recessão em alguns. Neste momento, os riscos de deixar a situação como está são maiores do que iniciar o processo de redução das taxas de juro.
Com a inflação a recuar e a economia da zona euro a lutar para ganhar impulso, o debate sobre quando desfazer a campanha histórica de subida das taxas do BCE intensificou-se.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse na segunda-feira que a inflação na área do euro continuaria a diminuir, mas que ela e os seus colegas precisavam de mais provas de que o crescimento dos preços estava a regressar ao seu objetivo. A maioria dos legisladores sugeriu que os cortes poderiam começar já em junho.
“Seria preferível iniciar o processo de descida gradual mais cedo e, se for necessária uma correção adicional, ela será corrigida”, disse Medina. “Por enquanto, manter as taxas de juros altas é muito arriscado.”
O chefe do banco central de Portugal, Mário Centeno – que foi ministro das Finanças do seu país entre 2015 e 2020 – assumiu uma posição mais sombria do que muitos dos seus colegas do Conselho do Governo.
Ele disse à Bloomberg na semana passada que o BCE deveria estar preparado para considerar cortar os custos dos empréstimos em Março, mesmo que este seja um evento de baixa probabilidade.
Em Portugal, uma grande parte das hipotecas tem taxas variáveis, aumentando a exposição às flutuações nos custos de financiamento.
“Quanto mais tempo as taxas de juro permanecem elevadas, mais tempo as empresas gastam em reservas e a sua rentabilidade é prejudicada”, disse Medina.
Ele não é o único ministro das finanças a pedir um corte nas taxas do BCE. O seu homólogo italiano – Giancarlo Giorgetti – disse aos jornalistas em São Paulo que “uma redução nas taxas ajudará a impulsionar o crescimento, que é baixo em toda a Europa – penso que não sou o único que partilha desta opinião”.
Da mesma forma, o francês Bruno Le Maire afirmou que “a luta contra a inflação está a ser vencida” e que a Europa enfrenta, em vez disso, um desafio de crescimento.
Dados divulgados na quinta-feira mostraram que a inflação alemã e francesa diminuiu em fevereiro. Os números de sexta-feira para toda a área do euro deverão ser de 2,5% – abaixo dos 2,8% de janeiro, mas acima da meta de 2% do BCE.
Depois de recuperar na sequência da pandemia, a economia portuguesa deverá abrandar novamente este ano. Medina reafirmou a previsão de crescimento de 1,5% este ano, depois de a economia ter crescido 2,3% em 2023.
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