Os médicos de saúde pública consideram que Portugal está numa “fase oportuna” para pensar em flexibilizar as restrições relacionadas com a pandemia, mas defendem que tem de ser “progressista, proporcional e cautelosa”.
“Estamos exatamente em um momento oportuno para pensar em flexibilizar as restrições, pois estamos na parte descendente da onda Omicron, com o Rt [transmissibility index] abaixo de 1 e diminuição de casos”, disse Gustavo Tato Borges.
O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública falava à Lusa sobre a próxima reunião do Infarmed, na quarta-feira, para analisar a evolução da situação da Covid-19 em Portugal.
Para Gustavo Tato Borges, ainda há uma “alta transmissão” do vírus SARS-Cov-2, com mais de 5.000 casos por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias, quando “o ideal”, segundo o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças (ECDC) é de 120 casos por 100.000 habitantes.
“Por isso, o alívio das medidas tem de ser progressivo, proporcional e cauteloso”, defendeu.
Na sua perspetiva, o que poderá começar a ser atenuado nesta fase é a obrigatoriedade de apresentação de certificados de vacinação para entrar nos diferentes espaços, uma vez que “a grande maioria” da população elegível está vacinada ou recuperada.
Nessas situações, o certificado de vacinação e até mesmo o certificado de teste podem cair.
Mas, segundo o médico sanitarista, existem “três situações fundamentais” em que devem continuar a ser exigidas: o acesso a hospitais, lares e unidades de cuidados continuados na comunidade, bem como o acesso a grandes eventos.
Para Gustavo Tato Borges, a limitação da lotação máxima dos espaços comerciais também pode cair, porque já não tem grandes vantagens, assim como deixar de usar máscara em espaços exteriores, porque se está “a começar a entrar no bom tempo, usando o ambiente mais externo, onde a circulação de ar é favorável”.
Estas são as “medidas fundamentais” que podem ser alteradas nesta fase.