Cerca de 1.100 pequenos terremotos sacudiram um dos Portugalilhas vulcânicas do meio do Atlântico em menos de 48 horas, levando as autoridades a ativar um plano de emergência enquanto especialistas avaliam uma “crise sísmica”.
Rui Marques, responsável pelo centro de vigilância sismo-vulcânica Civisa, do arquipélago dos Açores, disse esta segunda-feira que os sismos, de magnitude entre 1,9 e 3,3, foram registados na ilha de São Jorge desde a tarde de sábado.
Ele disse que a maioria dos terremotos, que não causaram danos até agora, foram registrados ao longo da fissura vulcânica de Manadas, na ilha, que entrou em erupção pela última vez em 1808.
São Jorge, uma das nove ilhas que compõem os Açores, alberga cerca de 8.400 pessoas e faz parte do grupo central do arquipélago, que inclui os destinos turísticos populares do Faial e do Pico, também vulcânicos.
Descrevendo-a como medida preventiva, Luís Silveira, autarca do concelho de Velas, onde vive grande parte da população de São Jorge, assinou na segunda-feira um documento para acionar um plano de emergência.
O aumento repentino na atividade sísmica é uma reminiscência dos enxames de terremotos detectados antes da erupção do vulcão Cumbre Vieja na ilha espanhola de La Palma no ano passado, cerca de 1.400 km a sudeste dos Açores.
Ao longo de 85 dias, essa erupção destruiu milhares de propriedades e plantações.
No entanto, o Civisa ainda precisa estabelecer o que a série de tremores pode significar.
“Ainda não é possível conhecer o padrão de comportamento desta crise sísmica”, disse Marques à agência noticiosa Lusa.
A Civisa enviou equipas ao terreno para instalar duas estações adicionais de monitorização sísmica na ilha e para medir os gases do solo, um indicador da atividade vulcânica.
Em comunicado no domingo, a autoridade regional da Proteção Civil disse já ter contactado autarcas e corpos de bombeiros locais, e pediu-lhes que “ficassem vigilantes” e ajudassem a população de São Jorge, se necessário.
Ele pediu às pessoas que mantenham a calma e sigam as recomendações das autoridades. Apenas 63 dos 1.100 sismos registados até agora foram sentidos pela população, disse Marques à Lusa.
“Devemos estar um pouco preocupados”, disse ele à estação de rádio Antena 1. “Não devemos dar o alarme, mas estaremos atentos à evolução da situação.”