A rota aérea que liga Trás-os-Montes ao Algarve pode estar em risco, disse à Lusa Sérgio Leal, diretor de voos da Sevenair, que está a construir a ligação. “Da parte da Seven Air, não dizemos isso com nenhuma satisfação, até porque acreditamos e sabemos que esta é uma linha de real interesse para o país”, declarou Sergio Leal.
A oferta para ligar Bragança, Vila Real, Viseu, Tires (Cascais) e Portimão expira em 28 de fevereiro do próximo ano. Além disso, a empresa disse que se os valores disponibilizados pelo governo a título de compensação compensatória pela prestação do serviço estiverem na sua forma actual, são 2,4 milhões de euros por ano, e mesmo que seja proposto um ajustamento directo até ao final de Em uma licitação futura, a empresa “não tem interesse ou condição” de continuar a operação.
Além dessa medida compensatória prevista pelo governo, a venda de ingressos é incluída como receita. Mas o valor arrecadado não foi suficiente. “Já faz algum tempo que dá prejuízo. Tornou-se popular nesta última competição. Ano a ano, só no combustível, tivemos um aumento em relação ao que propusemos originalmente na nossa proposta há quatro anos. [in expenses] Mais que o dobro. Só neste aspecto, anualmente, perdemos cerca de 300 mil euros”, elaborou Sérgio Leal, referindo-se também ao aumento significativo da manutenção de aeronaves.
“Desde 2009 que não há reajustes de valores. E em 2015 adicionámos duas rotas: Viseu e Portimão”, lamentou Sérgio Leal, sublinhando que já tinham manifestado preocupações ao governo e à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC). para concursos públicos, em regra, Sergio Leal explicou que começam com seis meses de antecedência.
“Este é um concurso lançado a nível da UE (…). Portanto, é necessário tempo de preparação para que os operadores conheçam as peças do concurso (…). Depois, a proposta deve ser apreciada e finalmente aprovada pelo Tribunal de Contas (…)”, explicou Sérgio Leal. Sobre a partida, Sergio Leal disse que inicialmente pensaram que aconteceria dentro do prazo considerado normal, pois foram contactados “no final de julho, início de agosto”.
“Naquela altura tivemos a oportunidade de informar a ANAC sobre alguns dos entraves e prejuízos que tivemos. Além disso, caso haja uma nova competição, sugeriremos algumas alterações que beneficiarão o processo. Depois disso, Sergio Leal prometeu que não haveria mais novidades.
“Somos um prestador de serviços. Isso não significa que não haja outro operador fazendo isso. Porém, desde que começamos a operar esta linha, somos os únicos concorrentes. (…) Quando ninguém mais concorre, você já percebe que não é uma linha comercialmente boa”, destacou Sergio Leal. O diretor disse que esse alerta reforça o que já fizeram “sem esperar até o último minuto”.
“Se for lançada uma prorrogação com base nos mesmos pressupostos do contrato que agora termina, não nos interessará. Sem uma prorrogação não podemos fazê-lo no sistema atual”, observou Sergio Leal. Na partida que começou em 2018 e terminou em 2019, houve pedido de prorrogação, que foi concedida pela empresa, desta vez, e sem alterações, não acontecerá novamente.
“Não temos condições nem interesse para o fazer. Tal como fizemos (…) queremos cumprir as nossas responsabilidades até ao fim. Até 28 de fevereiro, voamos. Não mais do que isso”, assegurou Sergio Leal. Em 2023, a companhia aérea, que opera com uma aeronave de 18 lugares, transportará cerca de 13 mil passageiros e, segundo dados da empresa responsável, está em “curva ascendente”. Em 2018, o número pré-pandemia rondava os 12 mil passageiros. Durante a pandemia e em obras na pista de Vila Real, a ocupação caiu para 40%.
Desde 1997 Bragança mantém voos regulares com Lisboa. A ligação foi cortada entre 2012 e 2015 por decisão do então governo, e retomada em 2015 com um contrato de concessão de três anos e uma expansão dos voos para o Algarve. No final de 2018, a continuidade do serviço tornou-se questionável, uma vez que o contrato expirou e ainda não foi lançado um novo concurso. Em dezembro daquele ano, o governo anunciou a abertura de concurso para prorrogação de quatro anos.
A Lusa tentou contactar o Ministério das Infraestruturas e Habitação, até ao momento não houve resposta.