A Câmara Municipal de Lisboa deixará de conceder novas licenças de alojamento local em áreas específicas se entrarem em vigor alterações ao Regulamento Municipal.
De acordo com um relatório do ECO, a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou a suspensão de novos registos de alojamento local (AL) em 14 freguesias da cidade, onde a relação entre o número destas unidades e o número de fogos seja igual ou superior a 2,5 por cento.
A proposta, apresentada pela coligação PS/Livre, prevê que não podem ser concedidas novas licenças até entrar em vigor a alteração ao Regulamento Municipal desta atividade.
Dúvidas legais
A proposta foi inicialmente aprovada em reunião da Câmara em dezembro, com votos contra do PSD e CDS, abstenção do Bloco de Esquerda e votos a favor do PS, Livre, PCP e da vereadora independente Paula Marques. Dali foi para a Assembleia Municipal de Lisboa, que tem a palavra final, mas na última reunião, a 8 de fevereiro, a discussão e votação da proposta foi adiada por “dúvidas jurídicas”, explica o socialista João Paulo Saraiva ao ECO.
“Dúvidas jurídicas foram levantadas e os serviços da Câmara chamaram a atenção para dois dos temas”, detalha o vereador. “Não foi explicitamente declarado que qualquer pessoa que já havia apresentado um [license request] processo na Câmara foi excluído dessas novas regras”, disse João Paulo Saraiva.
O segundo ponto prendeu-se com a possibilidade de perceber facilmente quais as freguesias que estão “dentro ou fora das novas regras” e onde uma nova licença “poderia ser autorizada”. Aqui, a coligação PS/Livre decidiu assim “introduzir um enquadramento que nos permita perceber se a freguesia está dentro ou fora dos parâmetros”.
Aprovação
Feitas estas alterações (e após um segundo adiamento por questões técnicas na organização da Assembleia Municipal), a proposta foi agora aprovada pela Assembleia Municipal com votos a favor do PS, Livre, PEV, PCP e deputados independentes e votos contra PSD, PAN, Iniciativa Liberal, MPT, PPM, Aliança, CDS e Chega. O Bloco de Esquerda se absteve.
Suspensão
Agora estão suspensas as novas licenças de alojamento local em 14 das 24 freguesias de Lisboa*, por um período de seis meses, renovável por igual período. Mas a suspensão pode acabar mais cedo. O objetivo é suspender novos cadastros até que o município prepare um “estudo urbano”.
Este estudo deverá contemplar “os rácios de ‘alojamento local/propriedades disponíveis para habitação’ e ‘alojamento local/alojamento familiar clássico’ por freguesia e por zona turística homogénea”, lê-se na proposta. Este estudo permitirá introduzir alterações ao Regulamento Municipal do Alojamento Local e só quando estas alterações entrarem em vigor poderão ser concedidas novas licenças.
Quando a proposta foi aprovada em reunião da Câmara dos Deputados, Carlos Moedas considerou esta suspensão “muito negativa”. Em entrevista ao ECO, a vereadora da Habitação do concelho, Filipa Roseta, disse que o alojamento local “não é um problema fundamental” em Lisboa e que a solução seria definir uma percentagem de alojamentos locais por território.
Onde se aplica a suspensão?
As freguesias onde se aplica esta suspensão temporária (com os seguintes rácios alojamento local/habitação, de acordo com a proposta PS/Livre) são: Ajuda (3%), Alcântara (5%), Areeiro (3%), Arroios (14%) , Avenidas Novas (7%), Belém (4%), Campo de Ourique (4%), Estrela (11%), Misericárdia (39%), Parque das Nações (4%), Penha de França (4%), Santa Maria Maior (52%), Santo António (26%) e São Vicente (16%).