Uma nova estudo da OIT sobre o futuro do trabalho neste sector em Portugal será lançado no dia 14 de Junho, com a presença do Director-Geral da OIT e do Primeiro-Ministro de Portugal. O evento contará ainda com a presença do Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e os representantes dos Parceiros Sociais.
O estudo encomendado, em 2019, pelo governo de Portugal à Organização Internacional do Trabalho (OIT) traça uma imagem matizada do setor que destaca o crescimento do emprego e do volume de negócios nos últimos anos, mas identifica um conjunto complexo de questões que desafiam o crescimento futuro.
Para quebrar este ciclo e proteger o papel do setor como grande empregador, é necessária uma estratégia coerente de apoio às políticas públicas e boa vontade da indústria, para tornar Portugal um local atrativo para a produção de veículos descarbonizados.
Portugal beneficiou inicialmente de uma reestruturação da indústria automóvel que se baseou no outsourcing e na procura de oportunidades de redução de custos na montagem e no fabrico de componentes, conduzindo a um crescimento particularmente forte desde a década de 1990. Os modelos de negócio das empresas automóveis em Portugal continuam a ser diferentes dos dos fabricantes de equipamento original (OEMs) – ou seja, as marcas de maior dimensão nos respectivos países sede. Com a eletrificação em ascensão, a dependência portuguesa da supressão de custos deverá tornar-se menos relevante, uma vez que o fabrico de veículos elétricos é menos intensivo em mão-de-obra do que o de veículos movidos a ICE. Isso levanta preocupações sobre como as mudanças dos OEMs afetarão o setor em Portugal.
Algumas empresas responderam aumentando a diversificação de produtos para diminuir sua dependência de OEMs automotivos. Enquanto isso, os OEMs exigem regimes de produção cada vez mais flexíveis que dependem da implantação flexível da mão de obra. Em Portugal, isto manifesta-se no aumento do número de trabalhadores temporários e temporários, conduzindo a um ciclo vicioso de compressão salarial e precarização contratual, o que dificulta a capacidade de atrair trabalhadores talentosos e jovens e fragiliza as relações laborais.
Dado o contexto de alta incerteza em que o setor opera – incerteza tecnológica, mudanças nas regulamentações e incentivos ambientais, interrupções nas cadeias de suprimentos – o estudo esboça quatro possíveis cenários futuros como base para a discussão de estratégias que possam apoiar melhor o setor na navegação pela mudança e alcançar melhores resultados em termos de emprego.
Na tentativa de direcionar o setor para o cenário mais favorável, o estudo detalha um conjunto de considerações de política para ajudar a alcançar resultados mais favoráveis.
Estes podem ser agrupados em quatro dimensões principais:
- políticas de crescimento econômico e de emprego intensivo;
- apoiar as empresas na navegação pelas transições duplas;
- proteger os trabalhadores através da facilitação das transições e da segurança social; e
- promover o diálogo social para navegar juntos pela incerteza, inclusive gerenciando e incorporando a mudança tecnológica em todos os níveis do diálogo social.