UMCompilado a partir dos escritos pessoais da revolucionária portuguesa do século XX, Margarita Tangerinha, a primeira longa-metragem de Maria Maire tenta construir uma ponte entre a história, o presente e o futuro do activismo político em Portugal. Contadas em narração, as experiências extraordinárias de Tangerinha descrevem o envolvimento entre o artesanato e o ativismo. Juntamente com outros membros do então banido Partido Comunista, ele foi forçado a uma existência clandestina durante grande parte da década de 1950. Num modesto apartamento em Lisboa, Tangerinha e o seu sócio José Diaz Coelho dirigiam um estúdio secreto de falsificação. Formados em artes, a dupla usou suas habilidades requintadas para produzir passaportes falsos para seus camaradas assediados.
À medida que o passado é ressuscitado em um nível sonoro, Meier traz uma abordagem intrigante e atemporal aos visuais, que imagina as contrapartes modernas de Tangerinha e seus companheiros. Enquanto a narração fala sobre o uso de técnicas de litografia ou gravura, vemos jovens na tela trabalhando com laptops, smartphones e câmeras digitais. O filme ocasionalmente dá um grande salto experimental, com interlúdios de stop-motion focados em imagens 3D de diferentes objetos, como uma bússola, placa de circuito e muito mais, flutuando contra um pano de fundo cósmico.
Tal como o resto do filme, estas breves cenas narram o legado da dissidência política, mesmo quando estas reimaginações modernas se desviam para um decoro simplista. Os relatos históricos da Tangerinha baseiam-se em protestos antifascistas específicos, mas as cenas não estão ligadas a alguma indicação daquilo contra o que os activistas contemporâneos em Portugal se estavam a organizar. Como resultado, os entusiastas da tela ficam estranhamente confinados ao abstrato, como rebeldes sem causa.