A atuação tem várias formas de ser realizada. Normalmente, a maneira mais reconhecida de atuar é no palco ou na tela, mas a dublagem não é apenas um trabalho muito importante, muitas vezes é esquecido.
A dublagem consiste na troca de vozes da versão original para uma versão adaptada em outro idioma. Ou seja, em Portugal, por exemplo, quando chegam conteúdos audiovisuais estrangeiros, os atores portugueses vão dar a sua voz, em diálogo traduzido do produto recebido. A dobragem em Portugal normalmente é feita apenas em conteúdos audiovisuais infantis, ao contrário do que acontece em Espanha, por exemplo.
O trabalho dos dubladores pode ser muito importante para que as crianças entendam a história de um filme ou desenho animado que estão assistindo na televisão, mas também pode ser uma grande ajuda para pessoas analfabetas ou deficientes visuais que não sabem ler legendas.
Em Portugal, a dobragem de produções cinematográficas é um fenómeno bastante recente e existem várias razões para que isso tenha acontecido.
O início
Em Portugal, a primeira dublagem de um filme ocorreu na década de 30, durante o Estado Novo. Uma produção cinematográfica francesa foi dublada por atores conhecidos da época. Para anunciar a estreia do filme, o cartaz incluía os nomes dos dubladores. O baixo orçamento não garantiu a qualidade desejada para a produção, e o público, desagradou apenas por ter ouvido as vozes dos atores e não tê-los visto na telona.
No entanto, o ditador português, António de Oliveira Salazar, estabeleceu uma política de apoio à cultura nacional, proibindo a entrada de conteúdos estrangeiros em Portugal. Mesmo assim, os filmes de animação em português continuaram a chegar a Portugal, ainda que com a voz de atores brasileiros. Até 1994, todos os clássicos da Disney e outros filmes de animação em Portugal eram vistos e gravados em VHS na versão brasileira, e as músicas brasileiras dos filmes produzidos por Walt Disney estão atualmente no imaginário de muitos adultos.
Quanto à animação a transmitir na televisão, a RTP, pouco depois do 25 de abril de 1974, começou a produzir as suas dobragens em português de Portugal, mas de forma muito rudimentar. Os atores foram todos colocados em um estúdio, com o roteiro na frente deles. Não havia tomadas, nem possibilidades de repetição e o menor erro obrigava os atores a repetir todo o episódio desde o início.
Ponto de inflexão
Em 1994, a Disney lançou o filme O Rei Leão e como a produção era esperada para ser bem sucedida, Portugal decidiu avançar com a dublagem do filme em português de Portugal. O filme foi dirigido por Carlos Freixo, um dublador com um currículo muito extenso em Portugal. O elenco contou ainda com os atores José Raposo, Fernando Luís e Rogério Samora, todos conhecidos do público.
A adaptação do filme O Rei Leão seria o ponto crucial para Portugal continuar a produzir as suas adaptações de filmes de animação. Acontece que a versão portuguesa foi considerada a segunda melhor do mundo, perdendo apenas para a versão original, dando luz verde para que novos filmes tenham uma versão portuguesa em Portugal.
Embora a dublagem em Portugal já fosse uma realidade, nem todos os conteúdos chegavam em português, principalmente nas emissoras de televisão. Era comum assistir desenhos com dublagem em espanhol, legendados em português. No entanto, tornou-se obrigatório por lei apenas se você transmitir conteúdo dublado em português, ou então no áudio original com legendas em português.
Atualmente, Portugal tem um grande número de dubladores, que apesar de reclamarem que a cultura não é valorizada pelo Estado em Portugal, continuam a fazer o seu trabalho para ajudar a oferecer à população a melhor qualidade possível no grande e pequeno ecrã.